quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Salvar baleias ameaçadas de extinção ajuda o sequestro de carbono no mar

Pesquisa recente da Divisão Antártica Australiana afirma que salvar baleias ameaçadas de extinção pode aumentar a capacidade de armazenamento de carbono no oceano Antártico. Isso porque as fezes do mamífero despejam enormes quantidades de ferro no mar, o que impulsiona o crescimento do fitoplâncton, sequestrador de carbono (CO2).

Os pesquisadores atribuem essa quantidade de ferro nos excrementos de baleias ao seu principal alimento, o krill. A análise foi feita comparando o teor da substância em todo o crustáceo e a amostra do material genético do DNA das fezes, o que provou ser esse pequeno animal a fonte de ferro mais importante para as baleias. A partir desse estudo, é revelado mais um aspecto crucial para a conservação do krill Antártico.


Leia a notícia completa abaixo, copiada do site Ambiente Brasil:

Cocô de baleia ajuda a sequestrar carbono no mar


Salvar baleias ameaçadas de extinção pode aumentar a capacidade de armazenamento de carbono no oceano Antártico, segundo novo estudo sobre as fezes do mamífero. Os excrementos despejam enormes quantidades de ferro no mar, o que impulsiona o crescimento do fitoplâncton, sequestrador de carbono.

O autor da pesquisa, Stephen Nicol, da Divisão Antártica Australiana com sede em Kingston, na Tasmânia, encontrou grande quantidade de ferro no cocô das baleias. Ele considera que a caça comercial dos animais pode ter sido responsável pela diminuição de cerca de 12% de ferro na superfície do Antártico.

Estudos anteriores mostram que o ferro é crucial para a saúde do oceano porque o plâncton precisa dele para crescer. “Se você adicionar ferro solúvel no oceano, obtém o crescimento do fitoplâncton instantaneamente”, disse o pesquisador. A quantidade de ferro nas fezes significa que proteger as baleias da Antártida poderia inchar as populações de fitoplâncton, que absorvem o dióxido de carbono.

O krill antártico (Euphausia superba) – pequeno crustáceo – serve de alimento para os fitoplânctons, concentrando o ferro em seus tecidos. Por sua vez, as baleias se alimentam deles.

Rações de ferro
– Uma pesquisa anterior levantou que as baleias reciclam o ferro do oceano se alimentando da substância encontrado no krill e, posteriormente, liberando-a nas fezes para os plânctons. Mas até este estudo, ninguém havia analisado o excremento dos mamíferos para constatar se eles continham significativa quantidade de ferro.

A equipe de Nicol analisou 27 amostras de quatro espécies de baleias e descobriu que nas fezes de um animal média existe 10 milhões de vezes mais ferro do que na água do mar da Antártida.

Os pesquisadores confirmaram que o ferro veio do krill, pela análise do teor da substância em todo o crustáceo e da amostra do material genético do DNA das fezes. “Nós confirmamos que a grande maioria do ferro no cocô veio do krill”, explicou o autor.

Comedores de Big Mac – Pelas estimativas da população de baleias no oceano Antártico antes da caça comercial que teve início no começo do século passado, Nicol levantou que os mamíferos – agora em perigo – consumiam cerca de 190 milhões de toneladas de krill todos os anos e produziam 7.600 toneladas de fezes ricas em ferro.

De acordo com o autor da pesquisa, populações maiores teriam produzido mais ferro, causando o aumento do número de fitoplânctons e krill.

“Proteger as baleias implica no lento recomeço do sistema”, disse ele. “E isso acabará por aumentar a quantidade de CO2 que o oceano Antártico pode sequestrar.”

David Raubenheimer, pesquisador de ecologia nutricional marinha da Universidade Massey, em Auckland, Nova Zelândia, afirmou que as descobertas são importantes e convincentes. “Elas destacam um papel ecológico específico para as baleias nos oceanos diferente do seu carisma.”

Peter Gill, ecologista da universidade de Deakin em Warrnambool, na Austrália, chama a pesquisa de “excitante”. “Muitas baleias foram retiradas dos mares antes que pudéssemos compreender a ecologia do oceano”, disse. “É emocionante quando podemos reconstruir o passado e percebemos que todas as peças se encaixam.” (Fonte: Folha Online)



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