Sítio geográfico da estação antártica polonesa Henryk Arctowski, na ilha King George, Shetlands do Sul [Foto: U.F. Bremer, 2004]
Que efeitos tem a radiação UV sobre os ecossistemas antárticos?
A camada de ozônio protege a Terra dos danosos raios ultra-violetas (UVB em particular), que podem causar câncer de pele. No oceano Austral, os raios UV podem ser letais para o plâncton e o próprio krill.
Estudos têm mostrado que a exposição a níveis crescentes de UV podem resultar na redução da produção primária e em mudanças na estrutura de comunidades. Como o fitoplâncton e algas do gelo constituem a base da cadeia alimentar marinha antártica, qualquer mudança na produtividade sazonal destes organismos pode levar efeitos de longo alcance a todo o ecossistema marinho antártico. É necessário aprofundar os estudos sobre os efeitos potenciais de raios UV sobre bactérias, eufausídeos, ovos e larvas de peixes, e os efeitos dos ultra-violetas sobre o DNA - tanto os transitórios quanto os permanentes.
Prever a resposta dos ecossistemas ao incremento da radiação UV é necessário para se conhecer o efeito dos UVs sobre os organismos principais. É preciso que pesquisas científicas enfatizem a quantificação do impacto dos UVs sobre a produtividade, atividade metabólica e bioquímica celular das espécies antárticas. Ênfase também deve ser dada na determinação da adaptação destes organismos para mitigar os danos por UV. Junto a estudos dos efeitos de ultra-violetas sobre a química da água, tais pesquisas contribuirão para a compreensão dos impactos de UVs nas cadeias alimentares e ciclos biogeoquímicos.
Acampamento brasileiro-alemão na calota de gelo da ilha King George, 1997/98 (Fotografia: Mathias Braun).
O "buraco" sobre a Antártica apareceu mais cedo
Mais uma preocupação para os ecossistemas antárticos: o buraco na camada de ozônio sobre a Antártica apareceu mais cedo que o usual em 2007, disse a Organização Meteorológica Mundial (WMO), em sua sede em Genebra (Suíça), em editorial emitido dia 28 de agosto.
A agência especializada das Nações Unidas para o tempo e clima disse que "ainda é muito cedo para dar uma declaração definitiva sobre o desenvolvimento do buraco deste ano e o grau de perda de ozônio que ocorrerá. Isto dependerá, em grande parte, das condições meteorológicas". Ainda não está claro se o buraco de ozônio, que espera-se continuar a crescer até o início de outubro, será maior que o seu tamanho recorde em 2006.
Tendências
Enquanto o uso de cloro-fluor-carbonos que decompõem a camada de ozônio tem decaído, a WMO disse que grandes quantidades de cloro ou bromo permanecem na atmosfera e provavelmente continuarão a provocar buracos na camada protetora por anos a fio.
O relatório da WMO afirma que "embora as substâncias decompositoras de ozônio estejam decaindo lentamente, não há sinal de que o buraco de ozônio da Antártica esteja ficando menor", diz o relatório.
A WMO e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) têm declarado que até 2049 o buraco de ozônio provavelmente retornaria aos níveis anteriores a 1980, sobre a maior parte da Europa, América do Norte, Ásia, Oceania, América Latina e África. Mas, na Antártica, as agências disseram que a recuperação da camada de O3 retardaria até 2065.
Geir Braathen, uma autoridade científica sênior do programa ambiental e de pesquisa atmosférica da WMO disse que o buraco de O3 pode chegar ao extremo sul da América do Sul em 2007.
[fonte: Jamaica Observer, 29/08/2007. Para mais informações, veja a publicação da WMO (Antarctic Ozone Bulletin), que pode ser encontrada em http://www.wmo.ch/pages/prog/arep/documents/ant-bulletin-1-2007.pdf]